sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Poema da Necessidade (Carlos Drummond de Andrade)


É preciso casar João, 
é preciso suportar António, 
é preciso odiar Melquíades, 
é preciso substituir nós todos. 

É preciso salvar o país, 
é preciso crer em Deus, 
é preciso pagar as dívidas, 
é preciso comprar um rádio, 
é preciso esquecer fulana. 

É preciso estudar volapuque, 
é preciso estar sempre bêbedo, 
é preciso ler Baudelaire, 
é preciso colher as flores 
de que rezam velhos autores. 

É preciso viver com os homens, 
é preciso não assassiná-los, 
é preciso ter mãos pálidas 
e anunciar o FIM DO MUNDO. 



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Aos mestres com carinho

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