terça-feira, 3 de novembro de 2015

Personagens alegóricos de Star Wars: Parte I

         Há anos atrás encontrei em um site esta análise dos personagens de Star Wars e fiquei fascinado pela seriedade com que o autor tratou o tema. Depois encontrei este artigo em diversos sites e agora compartilho com vocês esta belíssima interpretação de Danilo José Figueiredo. Espero que tenham  o mesmo fascínio que eu tive. Que a Força esteja com vocês!

Desde os mais remotos tempos, ensinamentos são transmitidos através de parábolas e alegorias, ou seja, ao invés de a verdade ser dita de uma forma direta, faz-se uso de personagens e de uma situação imaginária para que, através da interpretação da cena hipotética o observador aprenda uma lição subliminar da qual jamais irá se esquecer.

Mestre Yoda: É um dos personagens chave da saga. Talvez a mais antiga criatura da Galáxia. Representa a sabedoria, o conhecimento e, até certo ponto o poder do Bem. Analisado por este ponto de vista, Yoda poderia ser tido como Deus (na concepção Judaico-Cristã da palavra), pois no momento em que; mesmo pressentindo que o futuro do jovem Anakin Skywalker era nebuloso e que ele poderia facilmente ser corrompido pelo Lado Negro devido a seu imenso medo; permite que Obi-Wan Kenobi treine Anakin como Jedi, toma a postura que é dita a postura de Deus após o Novo Testamento, ou seja, a não intervenção no Livre Arbítrio individual e, por conseqüência, nos destinos da humanidade.

Obi-Wan Kenobi: Este é o personagem com o maior número de
interpretações possíveis. Isso porque, além de Anakin e Palpatine, é o único ser humano (uma vez que Yoda não é humano) que restará da primeira série para a segunda. No primeiro filme Obi-Wan é obcecado pelos ensinamentos de seu Mestre, o Jedi Qui-Gon Jinn. No segundo filme, se transforma numa espécie de Paladino Medieval, como um Cavaleiro Templário, ou seja, um sacerdote-guerreiro cujas habilidades de combates são alimentadas por sua fé. Já na segunda fase de Star Wars (episódios IV, V e VI), Obi-Wan se torna uma espécie de profeta, algo como um João Batista, um homem que vem pregar uma salvação futura.
        Sua fé continua tão grande que ele aceita  o papel de mártir. Porém, o papel mais importante que Obi-Wan desempenha na saga é o da Igreja, ou seja, a instituição (afinal, depois de sua morte, no episódio IV, é quase isso que ele se torna) que guia, segundo seus desígnios, as ações de seus fiéis. No caso Luke.




Han Solo: Seu papel na aventura é claro. Sua importância reside no fato de que não existe milagre sem testemunhas e que se a conversão de alguém não se dá pela fé, se dará pela comprovação. Ele é muito parecido com São Tomé, o apóstolo que, precisa ver   Cristo para acreditar que ele realmente ressuscitou. Han Solo inicia o episódio IV como um mercenário que ganha a vida como pode, ou seja, às vezes até sendo um pouco desonesto (como a maioria das pessoas que, vez ou outra fazem coisas pequenas que vão de encontro aos seus próprios valores pessoais). Ele não acredita na Força porque nunca vira nada que lhe parecesse ser um campo de força que controlasse seu destino. Aos poucos, os feitos de Luke orientados pelo espírito de Obi-Wan vão convencendo o velho pirata de que ele estava errado e, no final ele acaba por aceitar a Força, o que na prática reflete a profecia Bíblica de que no Juízo Final todos os joelhos se dobrarão perante Deus.

Jar Jar Binks: Personagem detestado pelos fãs de Star Wars, tanto
que sua participação no episódio II foi apenas terciária. No entanto, por seu jeito atrapalhado de ser, Binks não só fez com que negros do mundo inteiro vissem no personagem uma sátira maldosa dos negros Jamaicanos, como também, alegoricamente falando, representou o povo ingênuo (não burro, apenas facilmente manipulável) que permite que governantes mal intencionados cheguem ao poder e, uma vez lá, cometam seus desmandos sem serem repreendidos.

Chewbacca: O assistente e fiel escudeiro de Han Solo. Ele foi a primeira inclusão da alegoria do povo em Star Wars, ou seja, alguém impossibilitado de expressar suas opiniões (uma vez que nenhum dos personagens importantes e nem mesmo o público compreendem o que ele diz), mas com uma força incrível. Esta força, no entanto, nunca é usada segundo a sua própria vontade, visto que Chewie sempre faz o que os outros querem que ele faça. Numa palavra: é um Manipulado, como Binks.

R2-D2: Ele é a alegoria que representa a tecnologia, a Inteligência
Artificial. Sempre que é necessário, ele é capaz de resolver as piores situações e, se não fosse ele, os heróis teriam sido derrotados diversas vezes. Sendo assim, pode-se dizer que ele representa o conhecimento humano igualando o poder divino, pois quando a Força (o poder divino) não resolve as situações, ele o faz.

C-3PO: Na trilogia original este era considerado o personagem mais chato de Star Wars. Porém, seu papel é imprescindível, pois ele é um robô e, como tal, imune aos efeitos do tempo. Porém, como robô, ele serve a seu dono e, ao longo dos filmes, muda várias vezes de proprietário. Ele é a representação da História, ou seja, algo que flutua de acordo com quem está no poder e que, ainda que precariamente, é quem registra os acontecimentos. No episódio VI, quando os Rebeldes encontram os Ewoks, um povo que estava fora dos conhecimentos do Império, C-3PO é quem lhes conta o ocorrido até então, porém o faz segundo as impressões de seus amos e, sendo assim, de uma forma parcial. Parcial como a História dos vencedores é e sempre será.

Qui-Gon Jinn: Representa os primeiros profetas, aqueles que, em tempos imemoriais, previam a vinda do Messias. Estes profetas, a exemplo de Qui-Gon, não viveram para ver o Messias, mas nem por isso deixaram de ter fé no fato de que ele viria. Também como o Mestre Jedi, muitos desses profetas tiveram mortes dramáticas e deixaram ensinamentos de contestação. 


O Exército dos Clones: Homens sem capacidade de questionamento e com a perfeição física necessária para lutar pelos ideais de seus líderes. Representam o que as ideologias fizeram, fazem e farão com seus seguidores em nome de um bem maior. 


Conde Dooku: É o retrato do político que faz qualquer coisa por poder, até se sujeitar a ser manipulado como um idiota por um Mestre que só quer obter mais poderes através dele e depois descarta-lo. Diferentemente de Darth Maul, que era apenas mais um seguidor cego de Palpatine, Conde Dooku também tem seus próprios interesses políticos e acredita que poderá se livrar de seu Mestre quando o momento adequado chegar. Ele é o retrato do Infernalista, do Satanista que trata com o Diabo e espera ser vitorioso, ou ainda (em termos mais mundanos) do indivíduo ganancioso que aceita entrar numa quadrilha de bandidos no afã de conseguir dinheiro rápido, mas que quando tenta abandonar a quadrilha, acaba morto na chamada "queima de arquivo".

Leia Organa: A Princesa da Aliança Rebelde representa o idealismo político dos jovens que sempre pensam ser possível mudar a situação do mundo em que vivem, não se enquadrarem às normas estabelecidas. Leia é uma espécie de Joana D’Arc com final feliz, uma vez que ao invés de morrer para, com seu legado, conseguir seus objetivos, a donzela da Aliança (em alusão à donzela da França) consegue por seu sonho de juventude em prática e, de quebra, ainda arrebata um príncipe encantado que estava disfarçado de sapo (ou cafajeste): Han Solo.

Cliegg Lars: É o homem velho, de posses médias, que se casa com Shmi Skywalker, a mãe de Anakin. É uma clara alusão a São José.

Shmi Skywalker: A mãe de Anakin é, apesar de
ser uma personagem secundária na trama, peça chave para este trabalho. No episódio I, ao encontrar o Mestre Jedi Qui-Gon Jinn, lhe diz que seu filho (o próprio Anakin) não tem um pai. Ela não sabe explicar o que aconteceu, mas de um dia para o outro estava grávida sem sequer ter tido uma relação sexual. Essa declaração, vinda de uma mulher que, de tão altiva não parece capaz de mentir, encoraja Qui-Gon a realizar um exame de sangue no garoto Anakin. Este exame constata o que o Mestre Jedi já podia prever: o garoto era realmente o escolhido da Força. Acredito que a comparação entre Shmi e Maria (a mãe de Jesus Cristo) seja clara, não? Assim como Maria, Shmi não pensou em si quando viu que o filho deveria sair de perto dela para cumprir seu destino. Assim como Maria, Shmi ficou grávida sem relações sexuais. Assim como Maria, Shmi era presa a um fardo (no caso da primeira, o medo da falação, no da segunda, a escravidão) e, por fim, assim como Maria, Shmi casou-se com um homem bem mais velho que a libertou desse fardo. Quanto aos três Reis Magos, bem, Shmi foi visitada por Qui-Gon, Amidala e Jar Jar Binks, que trouxeram a liberdade como presente a seu filho. 


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