Integrantes do grupo Educafro reinvindicam igualdade e inclusão dos negros, na frente da SPFW 2011 |
A publicação de uma matéria da Folha de São Paulo em sua página no facebook gerou mal-estar em boa parte dos internautas. O assunto era a manifestação de modelos negros por mais espaço na São Paulo Fashion Week. "Isso é absurdo, querem cotas para tudo agora?" disse um rapaz. "O Brasil está ficando muito chato", disse uma jovem indignada com os modelos. Desde muito tempo o Brasil tem dificuldade em olhar para o seu passado. Chamam de bolsa-ditadura a indenização de torturados pelo regime militar. As cotas em universidades públicas (que por direito são do povo) são consideradas esmolas e tiram o mérito do estudante (Como falar em mérito em uma sociedade tão desigual?).
O que aqueles que se colocam contra a reivindicação dos modelos que o jornal chama de protesto) se esquecem é de uma lógica do próprio mercado: O consumidor quer ser visto, ele quer se reconhecer no produto vendido. Já reparou que nas séries de TV e filmes norte-americanos sempre se vê negros, obesos, latinos e outras etnias? Lá existe a consciência de que o consumidor tem direitos e cada grupo faz pressão para estarem representados. Aqui isso é visto como "tirar o mérito" ou "preconceito ao contrário." Uma pessoa não tem o direito de visualizar em uma modelo como ficará a roupa exibida na passarela? Como comprarei algo se não tenho nenhuma identificação com o que me é oferecido? Enquanto nos Estados Unidos começavam as lutas pelos direitos civis e posteriormente a implantação das chamadas ações afirmativas aqui no Brasil nos entramos numa ditadura militar que nos tirou duas décadas de lutas por direitos fundamentais para o pleno exercício da cidadania.
Enquanto direitos forem vistos como privilégios de poucos estaremos bem distantes do ideal de sermos um país civilizado.
Termino com esse texto do dramaturgo alemão Bertolt Brecht:
Nada é impossível de Mudar
"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar."
Carlos:
ResponderExcluirDo primeiro que a classe média de ve se concientizar são duas coisas:
Ela, a classe média é excludente e racista e é média.
Não é a classe baixa da onde vêm e não quer voltar e nunca será a classe alta. aristocrática, onde nunca chegarão e não querem perder nada do espaço que tomaram para sí em lugar nenhum.
É lamentável, meu caro amigo, mas se serve de consolo envio uma frase do viajante Arsene, de aproximadamente três ou quatro séculus atrás:
A aristocracía da pele um dia cairá, demos tempo ao tempo.
Gatto Larsen
Salve camarada, o reconecimento da dívida que o Estado brasileiro tem com o povo negro ainda está longe de ser saldada, a naturalização do regime de escravidão chegoiu a um nível que assusta. Vejam esse comercial institucional da Caixa Econômica Federal e me digam se nada os incomodar!
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=lLLaqm89ygo