quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Direto de Alagoas






 Mais uma vez a jornalista alagoana Gabriella Lima Padilha contribui com um texto para O Mundo maia. Gabriella, seja sempre bem-vinda! O espaço é seu na hora em que quiser. E se você quer expresar algo aqui é só falar. Como diz lá em cima: Espaço mutante de experimentações e troca de idéias.



  







Macabéas alagoanas


“Como a nordestina, há milhares de moças espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto, atrás de balcões trabalhando até a estafa. Não notam sequer que são facilmente substituíveis e que tanto existiriam como não existiriam. Poucas se queixam e ao que eu saiba nenhuma reclama por não saber a quem. Esse quem será que existe?”
(A hora da estrela, Clarice Lispector).


“O direito de ter direitos é uma conquista da humanidade”.
 (Cidadão de papel, Gilberto Dimenstein).


As mulheres alagoanas também possuem esses direitos, mas em alguns casos não os conhecem. Em Maceió, trabalhadoras do Mercado da Produção realizam seus trabalhos sob péssimas condições, o local não possui estrutura básica como saneamento, nem o mínimo de higiene para se trabalhar. Mulheres maltratadas pela vida, excluídas do meio social e que tem em seu humilde trabalho a única forma de sustentar sua família.
Podendo então comparar essas mulheres a personagem Macabéa do livro a “A hora da estrela” de Clarice Lispector, que era ignorada pela sociedade, as pessoas não a enxergavam e que sofria sozinha as dificuldades da sua vida.
Assim como a personagem do livro, essas trabalhadoras não reclamam os direitos que possuem nem buscam conquistá-los para si o direito de no mínimo ter condições dignas de vida e de trabalho, porque na maioria das vezes se quer sabem que os tem e, além disso, também não sabem a quem reclamar.
“É o direito de ser negro, índio, homossexual, mulher, sem ser discriminado”, (Cidadão de papel, Gilberto Dimenstein).
Apesar dos direitos conquistados pelas mulheres a sociedade ainda é predominantemente machista. Hoje as mulheres realizam trabalhos que até poucos anos eram realizados apenas pela mão de obra masculina, entretanto a remuneração dada a elas nessas funções não são as mesmas destinadas aos homens. Eles quase sempre ganham o dobro do que uma mulher que exerce a mesma função de trabalho recebe.
“As mulheres relegadas a segundo plano, passaram a poder votar, símbolo máximo da cidadania. Até há pouco tempo, justificava-se abertamente o direito do marido de bater na mulher em nome da honra.”
(Cidadão de papel, Gilberto Dimenstein).
Em Alagoas as mulheres principalmente as mais humildes ainda sofrem bastante a discriminação por parte da sociedade. A desigualdade é ainda mais evidente, principalmente nos bairros periféricos onde as mulheres na maioria dos casos vivem a mercê dos maridos e são tratadas da pior forma possível por seus companheiros.
Mesmo com todos esses direitos assegurados, como os presentes na Lei Maria da Penha, que as protegem da violência doméstica. O preconceito ainda impera sobre elas. Mas não para por ai as dificuldades enfrentadas pelas Macabéas contemporâneas.
A falta de escolaridade, a ignorância por parte dos pais que tem uma mente machista, a necessidade de começar cedo a trabalhar, são alguns exemplos de dificuldades enfrentadas por mulheres de classe baixa em especial. Essas trabalhadoras do mercado da produção vivem nessas condições precárias por falta de opção, já que a maior parte delas não tem o que fazer, a não ser vender suas frutas, legumes, entre outras coisas nessas feiras livres.
Elas passam a maior parte do seu tempo ali, trabalhando para terem o que comer e alimentar suas famílias. Elas vivem felizes mesmo com a miséria em torno delas, não se tem concorrência e nem ânimo para crescerem na vida, acham aquilo tudo normal. É o retrato inconfundível da Macabéa, pra elas tudo é normal.


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