quinta-feira, 11 de março de 2010

Palavras não dão conta do ser

Esse texto foi originalmente um trabalho feito para a aula de Filosofia e Cinema da Escola de Cinema Farcy Ribeiro
Carlos Maia


Palavras não dão conta do ser


“Está na natureza, será que será
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem concerto nem nunca terá
O que não tem tamanho.”
Chico Buarque – O que Será (à Flor da Terra)


Desde muito cedo o pensamento ocidental teve a pretensão de criar linguagens para descrever a natureza, estabelecendo assim, uma distância entre nós, seres humanos e a vida com toda a sua singularidade. Nos convertemos em escravos de conceituações que nós mesmos criamos e passamos a agir como robôs de filmes de ficção científica, programados para executar o que nos foi determinado e entrando em pane quando nos deparamos com algo que escapa ao nosso conhecimento. Justamente aí se encontra a cilada em que caímos: Pensamos que através de códigos científicos podemos dominar e submeter o mundo aos nossos caprichos.

A linguagem apenas representa as coisas, mas não pode atingir a singularidade, pois está submetida ao domínio da razão. Pela crença cega na razão, criadora de um discurso da ontologia e da identidade, a maioria das pessoas preferem viver a vida de escravos, pois pensar é um processo muito penoso e nos obriga a ir em lugares em que não queremos ir. É sempre melhor ter algum princípio norteador que coloque a vida e o cosmos numa ordem estabelecida. Até mesmo a arte, quando colocada nesse contexto, perde sua força criadora e fica a serviço da ordem estabelecida. Apenas quando ultrapassamos a representação passamos a ver o mundo fora das amarras da percepção e da conceituação.

Abandonemos os conceitos estabelecidos e desejemos o retorno. O RETORNO DA DIFERENÇA

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