domingo, 4 de janeiro de 2015

Racismo institucional



   Copiei esta postagem do facebook da Jurema Wernec, pela seriedade do caso e para que mais pessoas tomem conhecimento. Abaixo segue o relato de mais um caso envolvendo o nossos conhecido racismo.

Vejam a mensagem abaixo encaminhada a Criola:   


Prezados, 

Uma jovem negra, Mirian França, doutoranda em farmácia na UFRJ, que passava férias no Ceará, foi presa como suspeita do assassinato de uma turista italiana. Tudo indica que está sendo usada como um bode expiatório para salvar os lucros da indústria turística do Ceará, já que o crime obteve repercussão internacional e poderia reduzir o fluxo de turistas do exterior. Querem mostrar que existe polícia competente e rápida. Mas os fatos indicam o contrário. A delegada responsável pelo pedido de prisão não dá qualquer justificativa plausível para essa medida. Além de tudo, Mirian deixou o local, a praia de Jericoacoara, no dia 24 de dezembro, por ter passagem comprada com antecedência para retornar a Fortaleza, de onde iria para outra praia, Canoa Quebrada. Acredita-se que o crime ocorreu no dia 25. O jornal O Globo, em matéria da sua equipe no Ceará, chega a afirmar: "O crime ocorreu no último dia 25, na praia de Jericoacoara, distante 300 km de Fortaleza". Ora, como nessa data Mirian estava em Fortaleza, não poderia ter sido incriminada. E mais: o crime exigiu muita força física, houve luta e resistência da parte da vítima. Mírian, franzina, não poderia ter feito isso. E se fizesse teria muitas marcas no corpo. 

A delegada soluciona a contradição de forma simples: diz que ao menos duas pessoas participaram do crime. Ou seja, Mirian teria um cúmplice. Ocorre que Mírian, além de ter uma biografia incompatível, não tinha conhecidos nem contatos na região. Nada deixa vislumbrar que a jovem tenha recebido apoio jurídico da defensoria pública do Ceará, nenhum advogado fala por ela. Ao que tudo indica foi conduzida pela polícia militar para depor, pelas mãos de um coronel que já emitiu várias afirmações preconceituosas contra a jovem (Diz, por exemplo, que ligou diretamente para a jovem no dia 26, e que percebeu que ela estava num "ambiente de festa". Certamente, ela estava na praia de Canoa Quebra, de férias e no período de alta estação. Nessa época, como o coronel deveria saber, funciona no seu estado uma indústria turística muito festiva). A família da jovem não recebeu qualquer informação, e o seu telefone celular foi desligado não se conseguindo mais contato com ela. Presa ilegalmente, caluniada, mantida incomunicável e, provavelmente, não em prisão especial, como teria direito pelos títulos universitários. É uma pesquisadora de alto nível em farmácia e química, mas a imprensa, primeiro no Ceará e, em seguida, no resto do país, a denomina apenas como "a carioca". Em momento algum ela é apresentada como pesquisadora, acadêmica, autora de diversos artigos científicos. Seria isso, talvez, incompatível com ser negra? É importante sublinhar que "carioca" é um termo pejorativo e muito negativo nas áreas de turismo do Nordeste.

Enviamos o artigo publicado hoje no Congresso em Foco e os convocamos para questionarem a arbitrariedade desses atos como mais um crime contra os negros e, em particular, as mulheres negras. O artigo detalha as dúvidas envolvidas no caso. Abaixo foto de Mirian. 

Obs: Essa mensagem segue com cópia para a Defensoria Pública Geral do Estado do Ceará. Ficaremos na expectativa de suas ações para dirimir as dúvidas relativas ao caso. 

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